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Suicídio não pode ser tabu no atendimento de Enfermagem, diz pesquisadora

10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio

A cada 40 segundos, uma pessoa comete suicídio no mundo. Cada morte gera um impacto negativo sobre cinco a sete pessoas do ambiente familiar do paciente e sobre cerca de 145 pessoas de seu local de trabalho, segundo dados da Organização Mundial de Saúde.

Mas, para muitos profissionais da saúde, que atuam tanto na prevenção quanto no tratamento ao paciente e familiares, falar sobre suicídio ainda é um tabu. Alguns têm dúvidas sobre como agir em relação a pacientes em situação de risco e temem que ao tocar no assunto estejam estimulando o ato.

Esta é uma falsa ideia comum a uma grande parte da população.  Ela dificulta a prevenção, que pode ocorrer em 90% dos casos. Daí a importância de que o profissional esteja atento aos sinais de perigo, alerta a enfermeira Samira Reschetti Marcon, coordenadora do Núcleo de Estudos em Saúde Mental de Mato Grosso, da Universidade Federal de Mato Grosso (NESM/UFMT).

“O enfermeiro pode identificar estes indícios durante uma avaliação de risco, no acolhimento, e compartilhar com os outros membros da equipe, caso exista risco de suicídio. A partir daí, os encaminhamentos necessários serão dados”, disse ela.

Criado em 2007, o NESM é ligado ao Programa de Pós-graduação da Faculdade de Enfermagem. Além de pesquisas científicas, desenvolve também um projeto de extensão que este ano está realizando uma agenda unificada em parceria com as secretarias municipal e estadual de saúde, da Universidade de Cuiabá (Unic) e do Centro de Valorização da Vida (CVV).

A próxima atividade da agenda será o seminário “Promoção da Saúde como Prevenção ao Suicídio”, que acontece no dia 10 de setembro, na Escola de Saúde Pública de Mato Grosso, em Cuiabá.

No dia 17, no teatro Zulmira Canavarros, será realizado o “1º Seminário Estadual de Prevenção e Pósvenção ao Suicídio”, uma iniciativa do NESM e do escritor Alan Barros, e no dia 19, no centro de Cuiabá, a caminhada “Promoção da Vida e Prevenção ao Suicídio”.

O NESM – As atividades realizada pelo NESM como parte da agenda unificada fazem parte de um programa de extensão desenvolvido pelo núcleo, com ações previstas até agosto de 2020.

Entre elas, já teve início uma capacitação que será ofertada a todo o efetivo da Polícia Militar do Estado, a policiais civis e a profissionais da Secretaria de Estado de Segurança Pública e da Rede Intersetorial de Várzea Grande.

“A ideia é incentivar o debate sobre esse tema ao longo do ano, contribuindo para que deixe de ser restrito ao mês de setembro, como de costume”, explicou Samira, ressaltando a importância de divulgar os resultados das pesquisas.

Uma delas, já concluída, investigou a atitude de enfermeiros e médicos diante do comportamento do paciente suicida, identificando posturas em geral negativas e preconceituosas.

Depois de uma capacitação oferecida na época pelo núcleo aos profissionais, os resultados foram positivos. “Constatamos o quanto mudou sua atitude quanto ao conhecimento e à empatia”, explicou.

O NESM reúne oito estudantes de iniciação científica, mestrado e doutorado e também tem estudos concluídos sobre os temas “fatores de risco de suicídio entre médicos e enfermeiros” e “ideação suicida entre estudantes da UFMT”.

Os resultados serão apresentados durante o “1º Seminário Estadual de Prevenção e Pósvenção do Suicídio”. O grupo desenvolve também uma pesquisa sobre fatores de risco de suicídio entre estudantes de pós-graduação.

Papel de todos – É preciso uma mudança cultural no tratamento dado ao tema, entendendo que ele não é restrito a especialistas, aponta a pesquisadora.

Qualquer cidadão bem informado pode identificar entre pessoas de sua convivência comportamentos de risco, como o abuso de drogas e as ideações suicidas.

“O primeiro passo é identificar. Depois, é importante oferecer ajuda à pessoa, indicar locais onde pode encontrar atendimento, oferecer-se para ir junto ou para falar com a família etc. Precisamos reconhecer o sofrimento do outro, se colocar em seu lugar e fazer algo, isso é papel de todo cidadão”.

Fonte: Coren-MT