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Enfermagem realiza ato histórico no Museu da República

Ao cair da tarde desta terça-feira (12), 100 profissionais da Enfermagem se reuniram na área externa do Museu da República, para homenagear os 108 colegas que já perderam a vida na linha de frente do combate ao coronavírus. Nas costas, cada um trazia o nome de uma vítima e nas mãos, uma vela em homenagem aos mortos. Na medida em que os nomes eram projetados na cúpula do museu, um a um ia ao chão, até o momento em que todos ficaram deitados.

No ponto alto da vigília, a emoção tomou conta da situação. Respeitando o distanciamento social, de máscaras, muitos profissionais foram às lagrimas, em silêncio. “A cada um que morre, você fica a pensar que o próximo pode ser você. Meus colegas foram deitando e, quando chamaram o nome que eu carregava, a sensação foi muito forte. Nunca vou esquecer o que senti naquele momento”, declarou o presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Distrito Federal (Coren-DF), Dr. Marcos Wesley.  

Em entrevista à imprensa, que fez uma grande cobertura do ato, a enfermeira Fabiana Sena lembrou que o protesto também é uma forma de pedir melhores condições de trabalho. “A enfermagem já vem sofrendo com a falta de reconhecimento com ou sem pandemia. Mas, nesse momento, chamou a atenção por sermos profissionais da linha de frente e muitos estão perdendo vidas por causa dela. Mesmo assim está longe do reconhecimento ideal”, pontou.

Nas redes sociais, milhares de internautas acompanharam a vigília em tempo real e se emocionaram com a homenagem.  “Hoje meu primo está aí representado. Partiu lutando, socorrendo uma vida em uma ambulância. Meus sentimentos a todos os familiares que perderam entes queridos. Parabéns a todos os enfermeiros pelo dia e nesta batalha pela vida”, comentou Chris Carmem Costa.

Profissionais anônimos também se manifestaram nas redes, em sinal de apoio ao gesto de grandeza dos profissionais de Brasília. “Vocês nos fazem sentir visíveis, orgulhosos, valiosos. Estão na linha de frente e, mesmo assim, nos dias de descanso, propõem ir fazer homenagens aos colegas que foram abatidos pelo COVID-19”, elogiou a enfermeira Lara Bandeira.

“Sempre admirei o trabalho da enfermagem, não só agora na Pandemia. Fiz oito cirurgias ortopédicas e em todas elas Deus me enviou anjos. Pessoas que me ajudaram em cada cirurgia e que ainda hoje guardo em meu coração e estão sempre em minhas orações, principalmente agora, nesse momento tão difícil. O trabalho da enfermagem é muito desvalorizado. Mas que Deus os abençoe e cuide de cada um de vocês. Feliz dia dos enfermeiros. Não é um momento de comemorar, mas sim de agradecer por cada vida”, emendou Danny Barros.

A Enfermagem está morrendo, mas não é de hoje. Há muitos anos, jornadas exaustivas de trabalho, salários defasados e aposentadorias injustas deprimem e matam milhares de profissionais da categoria. Não obstante, a carga viral e emocional desta pandemia está fazendo ainda mais vítimas. Vidas que poderiam ser poupadas, se fossem tratadas com respeito. O país não pode continuar condenando à morte quem trabalha para salvar pacientes. Profissionais da Enfermagem não podem continuar a ir à guerra, sem armas para lutar e se defender.